A colheitadeira de cana-de-açúcar é uma das máquinas mais emblemáticas e complexas do agronegócio brasileiro. Ela é essencial para o setor sucroenergético, pois revolucionou a forma como a cana é colhida, substituindo o corte manual e garantindo maior eficiência operacional. Hoje, em estados como São Paulo, Mato Grosso do Sul, Goiás e Minas Gerais, praticamente 100% da colheita é mecanizada, sem uso de queimadas. Isso ocorre em atendimento à legislação ambiental e à crescente demanda por sustentabilidade.
Mas afinal, como funciona uma colheitadeira de cana? Quais os principais modelos, custos e impactos para produtores e usinas? Neste artigo da ConectaGrão, vamos explorar todos os pontos que você, produtor, técnico agrícola ou investidor, precisa conhecer para tomar decisões mais assertivas.
O que é uma Colheitadeira de Cana-de-Açúcar?
A colheitadeira de cana-de-açúcar é uma máquina agrícola de grande porte, projetada para executar de forma mecanizada todas as etapas da colheita. Assim, ela consegue:
- Cortar a base dos colmos.
- Derrubar e tombar a cana.
- Picar em pedaços uniformes (toletes).
- Limpar a palha e impurezas.
- Descarregar diretamente em caminhões transbordos.
De acordo com a CONAB (2024), a mecanização elevou significativamente a eficiência da colheita brasileira. Além disso, ela permitiu maior competitividade no mercado internacional de açúcar e etanol.
Principais Marcas e Modelos de Colheitadeiras
O mercado brasileiro é dominado por duas gigantes. Entretanto, algumas marcas nacionais também merecem destaque.
John Deere
- Modelos: CH570, CH670, 3520 e 3522.
- Destaques: robustez, telemetria avançada e conforto para o operador.
- Portanto, é ideal para grandes áreas e usinas com alto volume de colheita.


Case IH (Austoft)
- Modelos: 8000, 8810, 8800 Multi-row.
- Pioneira no desenvolvimento de colheitadeiras modernas.
- Dessa forma, é reconhecida pela eficiência em terrenos variados.


Santal (AGCO
- Marca brasileira com tradição no setor.
- Possui modelos adaptados à realidade nacional.


Além delas, existem marcas regionais e fabricantes internacionais. No entanto, John Deere e Case IH são líderes absolutos no Brasil.
Como Funciona uma Colheitadeira de Cana
A operação da máquina envolve diversos componentes que trabalham em sincronia. Assim, o processo ocorre em etapas:
- Cortador de base → corta os colmos rente ao solo.
- Rolos alimentadores → conduzem a cana para o interior da máquina.
- Picador → fatia a cana em toletes de 20–30 cm.
- Extratores primário e secundário → retiram folhas, palha e impurezas.
- Tubo de descarga → lança a cana limpa no veículo ao lado.
Esse processo garante maior pureza da matéria-prima. Consequentemente, há redução das impurezas vegetais e minerais que impactam a qualidade industrial.
Vantagens da Colheitadeira de Cana
Entre os principais benefícios, podemos destacar:
- Produtividade: uma única máquina pode colher até 1.000 toneladas/dia.
- Sustentabilidade: colheita de cana crua, sem queima.
- Redução de mão de obra: substitui até 100 trabalhadores manuais.
- Eficiência logística: integração direta com caminhões transbordos.
- Segurança: menor risco de acidentes em comparação ao corte manual.
Além disso, o uso contínuo dessas máquinas proporciona maior regularidade no fornecimento de matéria-prima às usinas.
Desafios e Desvantagens
Apesar das vantagens, existem também limitações importantes:
- Custo elevado: colheitadeiras novas custam entre R$ 1,5 e R$ 2,5 milhões.
- Alto consumo de combustível: de 150 a 250 litros de diesel/dia.
- Manutenção cara: facas, correntes e rolamentos sofrem desgaste constante.
- Compactação do solo: exige manejo adequado e rotação de tráfego.
- Necessidade de capacitação: operadores precisam de treinamento avançado.
Segundo a EMBRAPA (2023), a compactação causada por máquinas pesadas pode reduzir em até 12% a produtividade da cana-de-açúcar se não houver correção com subsolagem. Portanto, o planejamento do tráfego é indispensável.
Custos de Operação e Manutenção
- Compra: R$ 1,5 a R$ 2,5 milhões (novas) ou R$ 400 mil a R$ 1,2 milhão (usadas).
- Custo operacional médio: R$ 60 a R$ 100/tonelada colhida.
- Vida útil: de 6 a 10 anos, dependendo do manejo e manutenção.
Assim, muitos pequenos e médios produtores optam por terceirizar o serviço de colheita junto a usinas ou prestadores. Dessa forma, reduzem o impacto do investimento inicial.
Tecnologias Embarcadas
As colheitadeiras modernas vêm equipadas com tecnologias que aumentam a precisão e reduzem perdas. Entre elas:
- GPS e piloto automático → alinhamento perfeito entre fileiras.
- Telemetria em tempo real → acompanhamento da performance pela usina.
- Sensores de perdas → monitoram a quantidade de cana deixada no campo.
- Cabine inteligente → ergonomia, climatização e melhor visibilidade.
Portanto, essas inovações estão alinhadas ao conceito de Agricultura 4.0, que integra conectividade e análise de dados no campo.
Impactos da Colheita Mecanizada no Brasil
Os efeitos da mecanização são visíveis em diferentes áreas:
- Ambientais: redução de queimadas e maior retorno de palha ao solo.
- Sociais: diminuição do emprego no corte manual, exigindo requalificação da mão de obra.
- Econômicos: aumento da competitividade brasileira no mercado global de açúcar e etanol.
- Logísticos: necessidade de frotas de transbordo e caminhões sincronizados.
Segundo o IBGE (2022), o Brasil colheu mais de 640 milhões de toneladas de cana, com mais de 95% mecanizada. Isso demonstra a importância crescente da tecnologia no setor.
Conclusão
A colheitadeira de cana-de-açúcar é muito mais que uma máquina: logo é um pilar estratégico para o setor sucroenergético brasileiro. Logo com alta tecnologia, capacidade produtiva e impacto direto na sustentabilidade, ela se tornou indispensável para usinas e grandes produtores.
Por outro lado, o alto custo de aquisição e a necessidade de operadores qualificados são barreiras que exigem planejamento. Portanto, muitas vezes é necessário recorrer a parcerias com prestadores de serviço.

Kaoe Rauch é técnico agrícola e fundador da ConectaGrão. Com experiência prática no campo e forte conexão com o agro, escreve conteúdos que unem vivência rural, conhecimento técnico e olhar de mercado, sempre com o objetivo de aproximar produtores da informação que realmente importa.