Nos últimos anos, o Brasil tem se destacado mundialmente como potência na produção de biocombustíveis. Embora a cana-de-açúcar ainda seja a principal fonte, a produção de etanol à base de milho e sorgo vem ganhando força e despertando o interesse de produtores, investidores e da indústria de energia.
Mas afinal, por que essa alternativa está se tornando tão estratégica para o futuro do agronegócio e da matriz energética nacional?
Por que o milho e o sorgo estão no radar da bioenergia? 🌽🌾
O milho é um dos grãos mais cultivados no mundo e possui alto teor de amido, o que facilita sua conversão em etanol. Já o sorgo, além de ser uma cultura extremamente resistente à seca, apresenta custo de produção mais baixo e boa adaptabilidade a regiões com solos e climas menos favoráveis.
Essa dupla se torna uma solução inteligente porque:
- Diversifica a matriz energética;
- Aproveita safras de entressafra da cana-de-açúcar;
- Gera subprodutos como DDG (grão seco de destilaria), usado na nutrição animal.
O crescimento do etanol de milho no Brasil
Nos Estados Unidos, o etanol de milho já é realidade consolidada há décadas. No Brasil, porém, essa história começou a mudar recentemente. Estados como Mato Grosso, Goiás e Mato Grosso do Sul vêm liderando a instalação de usinas dedicadas exclusivamente à produção de etanol de milho, com números impressionantes.
De acordo com dados da UNEM (União Nacional do Etanol de Milho), a produção nacional ultrapassou a marca de 6 bilhões de litros em 2024, e a projeção é de crescimento contínuo. Esse avanço não só fortalece a bioenergia, como também reduz a dependência do mercado externo.
E o sorgo, onde entra nessa história?
O sorgo vem sendo estudado como alternativa complementar. Ele pode ser cultivado em áreas marginais, exigindo menos água que o milho, e apresenta alto rendimento energético por hectare.
Além disso, seu ciclo mais curto permite rotações de cultivo mais eficientes, trazendo vantagens econômicas e ambientais. Em muitas regiões do Cerrado, o sorgo pode ocupar áreas onde o milho teria produtividade reduzida, garantindo fornecimento constante de matéria-prima para usinas.
Vantagens econômicas e ambientais do etanol de milho e sorgo
Entre os principais benefícios desse modelo, destacam-se:
- Redução da emissão de gases de efeito estufa;
- Integração entre agricultura e energia, fortalecendo a economia rural;
- Aproveitamento de subprodutos para alimentação animal, criando um ciclo sustentável;
- Menor pressão sobre a cana-de-açúcar, permitindo expansão da bioenergia em novas regiões.
Desafios no horizonte
Apesar do crescimento acelerado, a produção de etanol de milho e sorgo ainda enfrenta desafios, como:
- Alto investimento inicial em usinas e tecnologias;
- Necessidade de logística eficiente para transporte de grãos e biocombustível;
- Dependência de políticas públicas de incentivo à bioenergia.
Mesmo assim, especialistas apontam que esses obstáculos tendem a ser superados à medida que a demanda global por energia renovável aumenta.
O futuro da bioenergia brasileira
O etanol de milho e sorgo não veio para substituir a cana-de-açúcar, mas sim para complementar e expandir a matriz energética nacional. Com a crescente busca por fontes renováveis e a necessidade de reduzir emissões, o Brasil tem a chance de se consolidar como líder mundial em biocombustíveis de múltiplas origens.
Em um cenário onde sustentabilidade e inovação caminham juntas, milho e sorgo estão prontos para serem protagonistas de uma nova era energética no agronegócio brasileiro.

Kaoe Rauch é técnico agrícola e fundador da ConectaGrão. Com experiência prática no campo e forte conexão com o agro, escreve conteúdos que unem vivência rural, conhecimento técnico e olhar de mercado, sempre com o objetivo de aproximar produtores da informação que realmente importa.