A mosca-branca no algodão (Bemisia tabaci) é uma das pragas mais desafiadoras para o produtor. Pequena, de reprodução rápida e altamente adaptável, ela pode transformar-se em um problema devastador em poucas semanas. Mas por que sua população explode em determinadas épocas do ano? A resposta envolve clima, ciclo da cultura, plantas hospedeiras e manejo adotado.
Um inseto de ciclo rápido
Antes de tudo, é importante entender como a praga se desenvolve. A mosca-branca apresenta um ciclo de vida curto, que varia de 20 a 25 dias. Cada fêmea pode colocar até 200 ovos. Ou seja, em condições favoráveis, várias gerações se sobrepõem dentro da mesma safra.
Consequentemente, a população cresce de forma exponencial em pouco tempo.
Clima: o motor da multiplicação
O clima é o primeiro fator que acelera a infestação. A mosca-branca se desenvolve melhor em ambientes quentes e secos.
- Temperaturas entre 25°C e 32°C aceleram o ciclo;
- Baixa umidade relativa favorece a sobrevivência das ninfas;
- No entanto, chuvas fortes reduzem a população porque lavam ovos e ninfas das folhas.
Portanto, em regiões como o Cerrado, onde há longos períodos de estiagem e calor, os surtos de mosca-branca no algodão são mais frequentes e intensos.
Calendário agrícola e sobreposição de culturas
Outro fator decisivo é o calendário agrícola. O algodão não é a única fonte de alimento da praga. Na verdade, ela também se hospeda em soja, feijão, tomate e abóbora.
Assim, quando há sobreposição de safras, a mosca-branca encontra alimento contínuo.
Por isso, no fim do ciclo da soja, a praga costuma migrar para o algodão recém-plantado, provocando infestações severas.
Hospedeiros alternativos: as daninhas como refúgio
Além das grandes culturas, a mosca-branca sobrevive em plantas daninhas como buva, corda-de-viola e leiteiro. Esses refúgios garantem a sobrevivência da praga mesmo fora de época.
Assim, quando surgem condições climáticas ideais, a infestação começa rapidamente e encontra a lavoura vulnerável.
O impacto na lavoura de algodão
A mosca-branca causa danos diretos ao sugar a seiva da planta, o que enfraquece o algodão e favorece a fumagina. Além disso, os danos indiretos são ainda mais graves: a transmissão de viroses como o enrolamento das folhas do algodão, que pode reduzir em até 30% a produtividade.
Logo, quanto maior a população em épocas críticas, maiores serão os prejuízos.
Manejo inteligente: quebrando o ciclo da praga
Controlar a mosca-branca no algodão exige um Manejo Integrado de Pragas (MIP). Dessa forma, o produtor consegue atuar em diferentes pontos do ciclo:
- Monitoramento constante com armadilhas e inspeções semanais;
- Plantio escalonado e rotação de culturas para reduzir sobreposição com soja e feijão;
- Eliminação de plantas daninhas hospedeiras, diminuindo refúgios;
- Controle biológico, com parasitoides (Encarsia formosa) e predadores (joaninhas, crisopídeos);
- Uso criterioso de inseticidas, evitando repetição da mesma molécula e atrasando resistência.
Portanto, o segredo não está em uma única solução, mas em um conjunto de práticas integradas que dificultam a multiplicação da praga.
A multiplicação da mosca-branca no algodão em determinadas épocas está diretamente relacionada a condições climáticas favoráveis, sobreposição de culturas e presença de hospedeiros alternativos. Em resumo, compreender esses fatores é essencial para antecipar surtos, proteger a lavoura e manter a rentabilidade.

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